PMs de batalhão da Zona Sul de SP vão usar câmeras nos uniformes durante patrulhamento

PMs de batalhão da Zona Sul de SP vão usar câmeras nos uniformes durante patrulhamento

Policiais militares do 37º Batalhão (BPM), na Zona Sul de São Paulo, vão começar a usar 120 câmeras instaladas nas fardas no fim deste mês. O projeto, que prevê a aquisição de outras mil câmeras, está estimado em cerca de R$ 5 milhões.

A câmera deverá ser ligada pelo policial militar em todas as abordagens. O agente poderá acioná-la também sempre que considerar necessário.

“Temos de considerar a privacidade do policial e das pessoas que conversam com o policial. Por exemplo, quando ele estiver em viatura, entrando em uma padaria, conversando com as pessoas na rua sem uma ocorrência em vista, o equipamento vai ficar desligado”, disse o tenente-coronel Robson Cabanas Duque, gerente do projeto.

As imagens geradas pelas câmeras serão gravadas e armazenadas em nuvem por um ano. Elas somente serão disponibilizadas para as autoridades judiciais e de segurança pública que julgarem necessárias.

“Isso vai garantir uma melhor produção de provas e dar lisura ao trabalho policial. A partir de setembro do ano passado foi elaborado um estudo para a instalação dos equipamentos, garantindo legitimidade, transparência e confiança para a população”, disse Cabanas.

Regras de uso

“Nossas regras de uso foram construídas com base em 30 regras estipuladas pelo mundo. O policial deverá acionar a câmera em todas as situações de interesse policial”, disse Cabanas.

Quando devem ser acionadas:

-Todas as abordagens de pessoas em atitudes suspeitas

-Todas as abordagens de pessoas em atitudes suspeitas em veículos

-Transporte de pessoas suspeitas

-Entrada, vistoria e varredura em uma comunidade

-Notificações feitas

-Todas as ocorrências em que for acionado pelo Copom

-Autuações de trânsito

-Fiscalizações ambientais

Quando não deverá ser acionada:

-Quando estiver em patrulhamento

-Na rotina do dia-a-dia

-Quando está em um ponto de estacionamento preventivo

-Quando está dentro do quartel recebendo instruções

-Quando está dentro da delegacia de polícia

-Quando estiver em uma audiência

-Em momentos em que possa preservar a relação da comunidade com o policial

Outras câmeras

Os 120 equipamentos que serão colocados em uso foram adquiridos para testes em 2016. O custo destas câmeras não foi informado pela corporação até o fechamento desta reportagem.

A compra dos outros mil dispositivos ainda não tem prazo para acontecer, pois depende de licitação. O grupo de estudos da PM, no entanto, propõe o uso da ferramenta no 18º BPM (Zona Norte), no 46º BPM (Zona Sul), no 21º BPM (Zona Leste) e também no 37º BPM. Outros dois batalhões serão contemplados no interior e no litoral, no 21º BPM/I e no 7º BPM/I.

“Estas são áreas consideradas de grande vulnerabilidade. A gente tem uma característica muito positiva no uso da câmera, por exemplo, nos casos de violência doméstica. O 37º BPM foi escolhido por causa disso. O policial é o primeiro a chegar em casos de agressão, com a vítima ainda com lesões e que logo desaparecem, e com as imagens ela vai poder mais provas das agressões”, disse o tenente-coronel.

Ele baseou os estudos para aquisição das mil câmeras em experiências feitas por policiais nos Estados Unidos e Reino Unido. “Nos próximos dias vamos nos reunir com integrantes da Polícia Federal da Alemanha para troca de informações”, disse Cabanas.

Segundo ele, o projeto vai garantir maior transparência na ação policial. “Vai fortalecer a prova inicial, temos a capacidade de qualificar a prova produzida pela Polícia militar, que vai impactar diretamente para o judiciário, seja pelo Ministério Público, pela Justiça Militar, como para o inquérito da Polícia Civil”, afirmou.

A ideia também é diminuir as infrações cometidas por maus policiais. “Outra vantagem é a redução de reclamações contra a ação policial. Isso vai reduzir o uso da força, não necessariamente da força letal, o policial está preparado, mas sofre muita violência, as pessoas são muito agressivas com a PM nas abordagens, sejam sob uso de drogas, de bebida alcoólica ou sob estresse. A câmera tem um poder de dissuasão”, disse Cabanas.

O conteúdo das imagens também será usado para análise da ação policial e aprimoramento do treinamento do policial.

“Não é só o funcionamento da câmera que vai garantir o bom comportamento, a câmera é mais um instrumento que a corporação tem para avaliar o trabalho do policial. É claro que o policial que não acionar a câmera, o motivo será apurado pelo qual ele agiu assim. A tecnologia permite saber se o equipamento foi desligado, se acabou a bateria, se sofreu desligamento abrupto por violência. Isso deverá ser resolvido disciplinarmente”, afirmou o tenente-coronel.

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