Cibersegurança: 30 mil tentativas de clonagem de WhatsApp por mês
O primeiro painel tech talk “Cibersegurança: usuários, corporações e nações sob ataque”, evento promovido hoje segunda-feira, 23 de setembro, pelo Metrópoles e pela revista Época, falou sobre “5G, IoT e as vulnerabilidades hiperconectadas”.
Os convidados para debater o tema foram Emilio Simoni, diretor do Dfndr Lab – PSafe, e João Gondim, professor de Ciências da Computação da Universidade de Brasília. A editora da Época, Bárbara Libório, fez a intermediação do debate, realizado na Biotic, o Parque Tecnológico de Brasília. O evento reúne os maiores especialistas e autoridades do país para debater questões sob três diferentes prismas: internautas, empresas e governos.
O ponto chave da palestra, com o avanço do 5G e da Internet of Things (IoT, em português, internet das coisas), é a abertura de espaço para novos ataques cibernéticos. Segundo Emilio Simini, diretor do DFNDR Lan, a população deve imaginar uma realidade em que, se até a cafeteria é conectada, uma cidade inteira fica ligada. “Imagina se um ciberatacante invade uma cirurgia? Ou se desvia toda uma rota de carros?”, alertou.
Segundo Simoni, o ciberataque tem duas categorias: o direcionado, que busca aplicar grandes golpes a um certo alvo; e o geral, que chuta para todos lados, como o fishing. “No Brasil, nós temos 30 mil tentativas de clonagem de Whatsapp por mês”, aponta o especialista. João Gondim conta que os ataques passaram a ser mecanizados. E, nesse caso, os hackers aplicam golpes a esmo.
Dinheiro
Para João Gondim, professor da UnB, apesar da ameaça ninguém vai se desconectar. “Já está todo mundo infectado”, brincou. Simoni afirmou que os melhores do mundo são os brasileiros, tanto para defender quanto para atacar. “Porque os brasileiros são os mais criativos”, opina. Outra constatação é de que os ciberatacantes vão sempre focar onde houver dinheiro. De qualquer forma, para Gondim, a conexão já é uma realidade. Mas, agora, os equipamentos têm novas funcionalidades com poder computacional. “Aí é que mora o perigo”, assinalou. Para o setor produtivo, é fácil e barato criar equipamentos, mas a dificuldade e o custo está na adoção de tecnologias de segurança.
De acordo com o Simoni, as invasões virtuais também vêm das coisas mais simples. “Quem tirou a senha padrão do roteador de casa, por exemplo”, brincou. “Teve um amigo que tinha a senha 1,2,3,4,5. E ele mudou: 1,2,3mudei”, riu. Câmeras IP de notebook sem usuário e senha também são porta abertas para hackers.
5G
Emilio Simoni considera que as empresas só vão apostar no 5G se tiver um modelo de negócio. “Vai depender da monetização”, diz. Para ele, a tecnologia deve chegar primeiro à indústria e à saúde. Depois, ao consumidor final. De acordo com os dois especialistas, o 5G usará a infraestrutura existente, mas depende de investimentos. A chegada da tecnologia, a princípio, não deveria gerar impacto no bolso do usuário. Mas existe a questão do modelo de negócios da empresa e o investimento de tecnologia.
Temas
Assuntos como dados pessoais roubados, computadores de empresas invadidos, governos sob vigilância e privacidade em xeque colocam a segurança digital como fonte de discussão constante. Entre os temas abordados estão assuntos que atingem diretamente usuários, empresas e Estado, como privacidade na web, dados na nuvem, ciberespionagem, segurança nas organizações, Internet das Coisas, 5G, defesa cibernética, Lei Geral de Proteção de Dados, blockchain, entre outros. No total, oito painéis discutirão diferentes tópicos.
O presidente da Biotic S/A, Gustavo Dias Henrique, destaca a importância de eventos como esse. “A digitalização da economia brasileira traz enormes benefícios para governos, empresas e indivíduos, na medida em que encurta caminhos, conecta pessoas e gera inteligência através de uma enorme quantidade de dados. É justamente a abundância desses dados que gera também os grandes riscos que temos que combater. O desenvolvimento da cibersegurança, nesse sentido, é um campo de enorme oportunidade para novas tecnologias e novos profissionais. É esse o debate que queremos promover durante o evento promovido pela Biotic S/A, site Metrópoles e Revista Época”.